Gerir em Tempos de Pandemia

António Jorge
Escola de Comércio de Lisboa | Assessor de Direção para a Formação e Consultoria

A pandemia covid19 trouxe-nos uma nova realidade socioeconómica que tem impacto em todas as dimensões da vida pessoal, social e profissional.

Em termos gerais, as inibições e dificuldades à circulação de pessoas e bens vem acelerar, a todos os níveis, a digitalização; isto é legitimar e tornar urgente a adoção do paradigma 4.0.

Este facto apresenta significativos desafios às organizações, uma vez que implicam uma mudança originada pela inevitável digitalização e deslocalização do trabalho que esta ameaça de saúde implica. A consultora Accenture, caracteriza e apresenta um plano muito claro para estes desafios, caracterizando-o como um “Local de Trabalho Elástico e Digital”.

A vida das pessoas e das organizações, não mais será igual. O Imperial College de Londres, apresenta um estudo onde se prevê, caso não exista vacina, um reaparecer do surto para outubro, que poderá originar outra crise idêntica. Temos de aprender e estar preparados.

Os impactos têm distintas graduações função da tipologia e setor do negócio.

No retalho alimentar o impacto é essencialmente na cadeia de abastecimento e nos recursos humanos. Hoje as empresas procuram criar redundâncias na sua cadeia de abastecimento a fim de evitar falhas e têm o desafio de manter motivados e saudáveis, os seus colaboradores, que estão a ser submetidos a situações de risco superiores às da população em geral.

No retalho não alimentar verifica-se um aumento significativo da procura do canal digital, criando também desafios na cadeia de abastecimento e colocando sob pressão a rentabilidade das lojas físicas.

Ao nível da indústria B2B que normalmente tem uma venda consultiva com recurso a uma força de vendas conhecedora dos produtos e de um processo que permite o valor acrescentado da consultoria ao cliente; o desafio é transformar esse processo, normalmente presencial, em um processo digital. O impacto na produção, que não tem elasticidade para deslocalizar, tem o desafio de manter saudáveis os colaboradores e assegurar uma cadeia de abastecimento sem ruturas, para responder a uma procura que sofre os óbvios constrangimentos.

Os serviços é o setor onde os impactos são menores, uma vez que a deslocalização e elasticidade eram já uma realidade antes desta pandemia. A intangibilidade dos serviços permite, na maioria dos casos, ter a sua produção e entrega confinada a recursos concentrados num computador, sendo praticamente indiferente o local de trabalho.

Ainda que possamos, com recurso às tecnologias digitais, desenvolver elasticidade do local de trabalho, colocam-se às lideranças e às equipas desafios que implicam aprendizagem, alterações culturais, de processos e de comunicação. 

Gerir e trabalhar não mais serão iguais na fase pós covid19.

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