Futuro (Hoje): tendências de Gestão de Talento

Catarina Paiva
Escola de Comércio de Lisboa | Coordenadora Gestão de Talento

Numa era digital, onde tudo acontece de forma acelerada, incerta e volátil, o futuro está em constante transformação. As rápidas mudanças e a instabilidade, alinhadas com a transformação digital, desafiam a relação bidirecional das empresas com as pessoas.

É cada vez mais visível que o mundo do trabalho tem vindo a sofrer profundas mudanças e é fundamental que as empresas acompanhem as novas tendências de recursos humanos. O principal desafio que as empresas encontram nos millenials é atrair e reter talento. Esta geração impõe e pressiona as empresas a adaptarem-se para manter a sua motivação, e neste sentido é imperativo que as empresas se reinventem e encontrem estratégias «digiruptivas», com receio de se tornarem “obsoletas”.

5 Tendências do futuro (para hoje) na gestão de talento:

  • Relação trabalho-lazer-família

A ideia não é recente, mas cada vez mais é considerada fundamental na decisão de escolher uma empresa. Os jovens millenials estão à procura de uma carreira que lhes permite ter um estilo de vida inclusivo entre o trabalho, o lazer e a família. Esta geração pensa e age de forma diferente das gerações anteriores, e é importante que as empresas se adaptem a novos padrões de pensamento organizacional. A incerteza do mundo impôs a esta geração a ideia de viver o presente. Se as empresas quiserem atrair e reter o melhor talento, deverão rever a sua cultura organizacional e criar soluções que permitam a estes jovens identificarem-se com os seus valores.

  • Experiência envolvente para os recursos humanos – Bem-estar, Significado e Propósito – e o extra mile do candidate/employer branding

As tendências de futuro explicam que cada vez mais o salário é menos decisivo na atração e retenção de talento. A verdade é que os tempos de Ford já lá vão, e o «novo» talento procura projetos com significado, que tenha impacto na sociedade e no mundo. Os compromissos sociais, as causas que apoiam, a preocupação com o bem-estar, a aposta na formação, o trabalho colaborativo por equipas, numa perspetiva horizontal, que resulta de uma comunicação transparente e genuína, são atualmente os indicadores mais relevantes na tomada de decisão de um candidato/colaborador. Os novos talentos estão à procura de uma experiência, do pacote inteiro. Não é por acaso que a Critical Techworks, uma das empresas mais vanguardistas no que respeita a tecnologia (que resultou de uma parceria entre a BMW e a Critical Software), contratou para os seus quadros duas diretoras da Felicidade, a Dra. Madalena Marinho e a Dra. Marie Köller.

O caminho para o bem-estar passa por criar uma cultura de wellbeing através de dias de saúde mental, workshops de gestão de emoções, estratégias para reduzir o stress ou praticar atividade física (exemplo, programas de meditação, ginásio, programas de nutrição,…)

  • Flexibilidade

Embora esteja associado à importância da gestão equilibrada entre a vida profissional e pessoal, a flexibilidade laboral, segundo o estudo da Mercer publicado em 2018 sobre as Tendências Globais de Talento, é um dos critérios mais desejados. O estudo contou com mais de 800 executivos, 1800 líderes de recursos humanos, mais de 5000 empregados de 21 setores, e 44 países. As constantes mudanças e evoluções atuais devem ser enquadradas no mundo laboral, onde as empresas deverão permitir várias formas de flexibilidade – flexibilidade de horários em função dos objetivos profissionais e pessoais ou flexibilidade de espaços.

A título de curiosidade, um estudo realizado pela Steelcase, que contou com uma amostra de 12480 empregados de 17 países, refere que, os trabalhadores que podem escolher o seu espaço de trabalho são 88% mais focados.

A flexibilidade permite uma experiência equilibrada e positiva entre o trabalho-lazer-família, reduzir o stress laboral e potenciar o bem-estar e a produtividade.

  • Recrutar e reter pelas Soft Skills

Os processos de recrutamento devem ser reinventados – recrutar e selecionar candidatos apenas com base na sua experiência profissional, é desperdiçar talento! Apesar de ser importante o background para determinada função, o perfil do “melhor candidato” deve focar-se na personalidade e competências pessoais que melhor se ajustam à função – neste sentido, é importante que as ferramentas tradicionais de recrutamento sejam revistas e se adaptem mais às competências pessoais e sociais que a função exige!

  • Tech, tech, tech!

Profundamente conectados ao mundo digital, a geração dos millennials está a obrigar as empresas a repensarem disruptivamente a sua cultura organizacional. É fundamental repensar a experiência de empregabilidade na empresa e pelo mundo inteiro, têm surgido diferentes aplicações inovadoras de recursos humanos, de cultura e engagement organizacional, que utilizam a inteligência artificial como ferramenta de inovação que ajuda a integrar e a reter talento. Por exemplo, a Cisco tem uma App designada por Youbelong@Cisco que, através da inteligência artificial, pretende ajudar os novos talentos e os seus gerentes a gerir os seus primeiros dias e semanas de trabalho.

 

Apesar do investimento necessário em tecnologia de forma a facilitar a integração e a gestão das tarefas de trabalho, as novas tendências colocam o candidato/empregado no centro do processo, possibilitando uma maior humanização na gestão de talentos.

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