Raul Torcato
Formador DO CURSO DE TÉCNICO DE VITRINISMO | ESCOLA COMÉRCIO LISBOA
Sir David Attenborough têm um recente e extraordinário documentário, disponível na Netflix, com o nome “ A life on our planet”. Afirma este nonagenário a propósito das alterações climáticas que “A nossa marca é agora verdadeiramente global, o nosso impacto é verdadeiramente profundo, o nosso ataque cego ao planeta, acabou finalmente por alterar os próprios fundamentos do mundo livre(…)”. Estas duras palavras, na voz inconfundível do naturalista, são fruto de conhecimento e ponderação, a sua mensagem actual e incontornável.
Esta realidade é compreendida há algum tempo pelas marcas e retalhistas e a COVID-19 só veio acelerar uma série de estratégias que já estavam a ser implementadas antes da pandemia. Os exemplos são muitos, em Inglaterra a Selfridges inaugurou recentemente o “ SELFRIDGES PROJECT EARTH” , um projecto que demorou dois anos a implementar e que se propõe repensar a cultura de consumo através da sustentabilidade. Os serviços á disposição vão desde o aluguer de vestuário, compra/venda de artigos de moda em segunda mão, reparação de vestuário, calçado e acessórios e um serviço de refill e reciclagem de perfumes e cosméticos, tudo isto em artigos de luxo selecionados, substituindo o conceito de fim de vida do produto, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação. Este projecto é ainda mais ambicioso quando assume o compromisso de que os materiais de maior impacto ambiental, venham de fontes sustentaveis e certificadas até 2025 e que juntamente com fornecedores, de produtos a propriedades, existe o compromisso em definir uma abordagem que reduza a dependencia de recursos virgens e respeite a natureza. Esta iniciativa foi o tema das enormes montras da loja de departamento, ilustrando assim toda esta nova maneira de pensar o retalho.
A Americana Tommy Hilfiger com o seu “MAKE IT POSSIBLE” programa de sustentabilidade, compromete-se a minimizar as emissões de carbono, os resíduos e a pegada hidrica, a trabalhar para que os seus produtos provenham de fontes recicladas, dar nova vida a produtos que já não são usados e a reciclar os materiais de que foram feitos, esta directiva inclui o compromisso de que todas as suas propriedades terão zero emissões de residuos e energia renovavél até 2030.
Já a IKEA irá abrir ainda este ano uma loja em Eskilstuna, perto de Estocolmo, no primeiro centro comercial dedicado a produtos usados. A cadeia Sueca está comprometida com a economia circular, “Se queremos atingir os nossos objectivos de desenvolvimento sustentável, devemos testar na práctica as nossas ideias”-Jonas Carlehed, director de desenvolvimento sustentável , IKEA Suécia. O grupo pretende reduzir a sua pegada ambiental global até 70%, em média, até 2030, nesse sentido já começou a alugar e reciclar os seus produtos e a reparar e recondicionar aqueles que são danificados no transporte para as lojas, para que possam ser vendidos ou doados a associações de caridade.
As lojas físicas estão a tornar-se mais que simples pontos de venda, sitios de experiências e de prácticas inovadoras, que nos podem ensinar a repensar o consumo e um futuro que de maneira imperativa, terá de ser cada vez mais sustentável, ou voltando às palavras de Sir David Attenborough
“(…) Não se trata de salvar o planeta, mas de nos salvarmos a nós”
Fontes; https://www.youtube.com/watch?v=64R2MYUt394
https://www.selfridges.com/GB/en/features/project-earth/
https://responsibility.pvh.com/tommy/
https://www.dn.pt/dinheiro/ikea-vai-abrir-a-primeira-loja-em-segunda-mao-na-suecia-12715038.html