Carlos Fernandes
Escola Comércio Lisboa | Coordenador do Curso de Técnico de Organização de Eventos e Gestor do Projeto Prémio Mercúrio
Já passaram cerca de onze anos desde o nascimento do Prémio Mercúrio, uma plataforma idealizada pela Escola de Comércio de Lisboa que no decorrer do seu percurso evolutivo percebeu que as boas práticas deste setor são exemplos inspiradores ao empreendedorismo.
Na realidade tal constatação podia ter sido feita por grandes observadores ou académicos mas foi uma simples abordagem de uma escola, que olhando a economia percebeu aquilo de que é feito o Portugal Empreendedor na arte de comercializar.
Diz a nossa história que sempre fomos furões, dotados de uma enorme curiosidade sobre o mundo e sobre o Homem, exemplo disso são os inúmeros descobrimentos que Portugal ofereceu à geografia mundial ou as inúmeras obras literárias, ou até as grandes histórias de vida de Portugueses contemporâneos ou não.
O Setor do Comércio e Serviços em Portugal é à semelhança de outras áreas mais um testemunho da Genialidade da nossa gente. Somos grandes na ciência, na escrita, no desporto, nas tradições, nas paisagens que soubemos preservar e sim, também somos geniais no Comércio e Serviços!
A minha experiência nestes últimos onze anos enquanto Gestor do Projeto do Prémio Mercúrio permitiu-me testemunhar tal genialidade de perto e hoje partilho alguns exemplos de como isto é verdade.
Começo por uma breve citação que ainda hoje guardo de um empresário português que dizia, “os ventos correm a favor das embarcações que sabem para onde querem ir”, na realidade este tem sido o mote do sucesso de muitas empresas que, de forma arrojada decidiram dar o primeiro passo e seguir em busca de um ideal de negócio. Acredito, que quando Ronald Brodheim partilhou esta afirmação com a equipa do Prémio Mercúrio mais do que justificar o seu sucesso quis deixar a chave para o êxito de vários empreendedores. É certo que o caminho é desafiante, que a história nos torna resilientes como diz José António Rousseau – Prof. Universitário no livro “A Resiliência do Comércio”, quando aborda os feitos da vida de inúmeros lojistas com história da baixa de Lisboa. Mas a realidade é que o sucesso sempre reside na certeza do destino que queremos traçar, mesmo que o desafio do lançamento seja segundo o senso comum absurdo. Pois como diz Carlos Coelho – Ivity Brand Corp “ se tens uma ideia e toda a gente diz que ela não presta, olha com calma para a mesma pois aí está a chave da inovação”.
E não é que é mesmo verdade?
Podemos ver isso em inúmeros exemplos de negócio em Portugal, desde um arrojado olhar pelos hambúrgueres do H3, que decidiram lançar um negócio mono produto em que muitos já eram reis, e ainda assim marcar o panorama da restauração em Portugal. Podemos viajar nessa certeza em cada visita a uma “loja” do visionário António Quaresma, desde O Mundo Encantado da Sardinha Portuguesa ao Museu do Pão em Seia, ou até no mundo da moda, onde o conceito de que o comércio de luxo tinha como pressuposto um atendimento de proximidade e no entanto um arrojado empreendedor do norte ousou criar uma plataforma que em 10 anos valorizou a uma escala mundial, valendo atualmente cerca de cinco milhões de euros, falo obviamente da Farfetch que à data conta com aproximadamente 2,3 milhões de clientes espalhados por 190 países.
No entanto, e como referi no título deste artigo a excelência não existe somente no empreendedorismo dos empresários que até pode ser muito inspirador, na realidade reside por ventura muito mais no empreender de inúmeros profissionais anónimos que dão corpo às organizações e é muitas vezes através destes que se dá a excelência do Comércio.
O que seria de qualquer empresário sem os seus colaboradores? O que seria dos profissionais sem os seus mentores? A realidade das boas práticas leva-nos a uma visão totalmente despolarizada onde não existe o polo do “patrão” nem do “empregado” mas onde existe sim o lugar-comum da interdependência colaborativa, onde todos assumem de forma motivada o papel que se predispuseram a viver.
Diz o Comendador José Roquette – Herdade do Esporão que “o desafio da gestão de recursos motivados está no alinhamento correto que se faz da personalidade e ambição do colaborador, e o DNA das organizações”. Ora se temos para uma empresa com personalidade vincada e um profissional ambicioso face à mesma, a história desta relação só pode ser feliz, e tudo fluirá de forma natural, até porque o projeto de vida de ambos passa pelo mesmos objetivos.
Em Portugal nos seus diversos Concelhos, nas ruas e também nas lojas reconhecemos uma agradável experiência de consumo pela magia que esta nos aporta. Seja num simples café ou numa compra online que na receção dos produtos possamos ganhar algo mais que os mesmos.
Termino com uma citação do Comendador Rui Nabeiro – Delta Cafés em que nos revelando o seu segredo nos diz que devemos “fazer de cada cliente um Amigo!”