Maria da Conceição Soeiro
ENSINUS I - EMPREENDIMENTOS EDUCATIVOS, S.A. GERENTE DO CONSELHO DE GERÊNCIA
O reconhecimento da importância da educação no desenvolvimento pessoal e das sociedades, que cada vez mais se debatem com uma complexidade de problemas, a par das inúmeras descobertas nas mais diversas áreas, deverá assumir-se como um aspeto essencial nas políticas da educação. Compete-me como educadora, alertar para uma cada vez melhor e mais educação.
O conhecimento quer através da educação formal e não formal constitui o verdadeiro «capital» do século XXI. Investir nele será o melhor garante da transmissão de uma herança hipoteticamente sólida desafiadora que o poder político, a sociedade, as famílias e todos os intervenientes das mais diversas áreas poderão oferecer às atuais e futuras gerações.
Os desafios deste século XXI levam-nos a reinventar a escola baseada numa conceção mais holística da educação, mais potenciadora para a descoberta e expressão de muitas das capacidades que cada aluno encerra, contribuindo para o seu desenvolvimento global e melhoria dos recursos humanos, importante ativo para o nível de desenvolvimento da sociedade.
Não é por acaso que a educação do século XXI tem uma responsabilidade acrescida na formação dos futuros cidadãos. Como recordou o presidente americano Barack Obama, a 8 de setembro de 2009, num discurso sobre a Escola:
“(…) and this isn’t just important for your own life and your own future. What you make of your education will decide nothing less than the future of this country. The future of America depends on you. What you’re learning in school today will determine whether we as a nation can meet our greatest challenges in the future (…)”
A escola terá de ser inclusiva, dialogante, defensora de uma sociedade plural, dos direitos humanos e abrangente das vertentes cultural, ética e política.
Mas a formação ao longo da vida é um imperativo do mundo atual, e não podemos ficar tranquilos enquanto a educação/formação não se estender a outros segmentos da população, melhorando de forma significativa o percentual refletido nos rankings racional e internacional.
As relações laborais numa sociedade onde a ciência e a tecnologia imperam e todos os dias nos surpreendem com novos avanços, tornam imprescindível a atualização e reconversão dos conhecimentos, facilitando uma maior inclusão no mercado de trabalho e uma melhoria no nível de literacia nas várias vertentes, promovendo uma participação mais ativa na sociedade e uma cidadania plena.
Cabe às instituições através de debates esclarecedores e programas atrativos, em função das diversas faixas etárias, atrair esses públicos dotando-os de novos conhecimentos e maior capacidade de adaptação a uma sociedade em mudança.
Parece-me, assim, oportuno questionar:
Tem a escola contribuído para a formação de profissionais competentes e cidadãos conscientes capazes de se adaptar a este mundo em mudança?
Têm as políticas educativas sido capazes de mobilizar recursos e funcionar como vetores responsáveis pelo progresso do país?
Na minha opinião compete aos decisores políticos possuir uma visão do futuro a médio e a longo prazo, e uma prática de governação de modo a garantir a adaptação da educação à evolução da sociedade.
A era da globalização, o impacto das novas tecnologias, a velocidade com que novos conhecimentos científicos surgem, implicam avaliar a esfera da educação e as reformas educativas implementadas assim como o desempenho do trabalho nas salas de aula.
A revolução tecnológica veio diversificar outras formas de aprendizagem e permitir o acesso a maior variedade de informação, inclusive a centros e a bibliotecas sediadas em diversas regiões do globo, fomentar a motivação dos alunos com estes novos recursos pedagógicos, maior ação colaborativa na sala de aula e desenvolvimento de processos de socialização através de redes educacionais intra e inter-países. A globalização facilita o acesso ao conhecimento, deixando de haver barreiras físicas, no entanto terá de haver um poder seletivo na escolha da informação e uma mente crítica dada a profusão de informação.
A escolas devem ensinar as gerações a serem agentes ativos na construção da sociedade, desenvolvendo neles mente crítica, atitude colaborativa, respeito, responsabilidade, isto é, formar verdadeiros cidadãos.
No âmbito de uma formação holística, os curricula escolares devem contemplar uma abordagem de literacia científica de modo que os jovens estejam conscientes das múltiplas realidades do mundo atual, por exemplo, no que respeita ao ambiente, à saúde, às tecnologias, às desigualdades sociais, multiculturalismo e questões de natureza ética, contribuindo de uma forma sustentada para um melhor desenvolvimento económico, social, científico, cultural e cívico, em suma, para uma sociedade mais justa e democrática.