Ângela Fernandes
COORDENADORA DO CURSO DE TÉCNICO DE VITRINISMO E FORMADORA | ESCOLA COMÉRCIO LISBOA
O comércio independente, muitas vezes designado por comércio tradicional, é essencial na vitalidade geográfica das localidades, a importância deste tecido comercial, para além de económica é social e cultural. Os clientes são tratados pelo nome, sabe-se quais são as suas preferências e frequentemente esta proximidade permite, também, conhecer aspetos das suas vidas privadas, que decorrem de momentos de conversa, de partilha, o que transforma a loja num espaço de socialização, num espaço coletivo e agregador, que recebe e acolhe quem o visita.
Esta particularidade é agora mais do que nunca valorizada, grandes marcas com presença no retalho tentam absorver o que sempre foi essência no comércio independente. Paralelamente ao que se pode considerar como um desígnio social, este tipo de comércio é também representativo da cultura local: lojas diferentes e com oferta distinta, espaços com personalidade própria. Em súmula, dois aspetos que provam que a estratégia do comércio independente não pode residir apenas no preço mas antes em saber potenciar aquilo que já o caracteriza.
Os comerciantes devem, por isso, canalizar esforços na criação de pontos de venda que apostem na diferenciação, quer ao nível da apresentação dos produtos, quer na personalização dos serviços que oferecem, tentando assim acompanhar o perfil de um consumidor cada vez mais atento e exigente. Os clientes mudam e nenhum negócio se mantém somente com o público já conquistado, é de facto preciso manter fidelizados os clientes atuais, mas é necessário pensar nos novos clientes que se podem conquistar.
É fundamental estar atento, aberto e operar esse ajuste de dentro para fora, ou seja, uma mudança projetada a partir do próprio negócio, centrada num conjunto de estratégias desenvolvidas em torno do cliente: Quem são? O Que esperam? O que procuram? Estar atento àquelas que são as suas preferências e a diferenciação da oferta são atalhos para guiar o negócio, em paralelo transformar o ponto de venda num espaço atrativo e agradável, num terceiro lugar, depois da casa e do emprego, um local onde as pessoas queiram estar e como é espectável comprar!
É necessário fomentar uma relação de empatia com o cliente cujo objetivo é a fidelização e para gerar essa empatia a aposta terá que residir numa série ações: umas de carácter operativo, como o tipo de atendimento ou o reajuste nos horários de funcionamento e outras de carácter comunicacional e visual. Se na loja o cliente se sentir confortável e descontraído há uma hipótese considerável de disponibilizar mais tempo e, eventualmente, comprar mais por isso, a loja tem que ser um espaço especial onde o cliente se sinta, também, especial. Isto implica considerar o visual merchandising como uma ferramenta de suporte para que este objetivo se cumpra – promover a imagem e o potencial dos produtos e/ou serviços, garantindo a otimização da atratividade e rentabilidade do espaço.
A formação desempenha um papel fundamental nesse percurso de longevidade. É sempre gratificante perceber que há comerciantes, ligados ao retalho independente, que já pensam e agem assim. Sabem tirar partido da experiência e da história dos seus negócios, mas percebem a importância de olhar para o futuro. Foi isso que foi observado no dia 7 de maio, na formação ministrada para um grupo de comerciantes do concelho de Loures, que participaram numa ação de formação sobre visual merchandising.