Equipas Pedagógicas – uma resposta às exigências do mercado

PATRÍCIA VIDEIRA
Escola de Comércio de Lisboa | Docente

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Não se trata de uma inquietação filosófica, nem tão pouco de um devaneio gastronómico, mas da analogia a uma problemática à qual, ao nível da Restauração, não podemos fugir. O que é mais importante num hotel ou num restaurante, o serviço de cozinha ou o serviço de sala?

Com o desenvolvimento do Turismo em Portugal surgem inquietações quanto à qualidade e quantidade de Recursos Humanos, com qualificação relevante, disponíveis no mercado. O Cozinheiro tradicional deu lugar ao Chef de Cozinha, endeusado e reconhecido quase como uma estrela de cinema, com lugar de destaque nos horários mais nobres da televisão. As estrelas multiplicam-se e estes profissionais tornaram-se referência para alguns jovens que pretendem construir as suas carreiras nesta área.

Tal como afirma António Aguiar Branco, consultor na área do Turismo, sempre foi muito difícil arranjar cozinheiros, da mesma maneira que sempre foi difícil arranjar empregados de mesa e agora o cenário agravou-se porque há mais hotéis e restaurantes. Mas há algo que não podemos esquecer, há muitos projetos que não vingam porque se sobrevaloriza a cozinha em detrimento do serviço de sala e na realidade “(…) um bom serviço de sala consegue tapar alguns problemas da cozinha. Já um péssimo serviço de sala pode arruinar um excelente serviço de cozinha.” (2019, Inter magazine)

É com base neste princípio que se estrutura o trabalho em equipas Pedagógicas dos Cursos de Técnico de Restaurante/Bar e de Técnico de Cozinha/Pastelaria da Escola de Comércio de Lisboa. O setor em que irão desenvolver as suas atividades é comum a ambas as qualificações, os centeúdos, embora específicos em algumas áreas de intervenção, cruzam-se e complementam-se, possibilitando o desenvolvimento de projetos de trabalho em comum e de forma colaborativa. Os alunos desenvolvem assim, atividades em grupos de trabalho, que integram ambas as qualificações, de modo a que percebam que a atividade profissional de cada um, só fará sentido quando combinada de forma harmoniosa com a dos seus colegas. O trabalho de equipa, competência fundamental para o sucesso no mercado de trabalho, ganha assim uma relevância extrema. Por outro lado, os conteúdos são apresentados como desafios, que só terão resolução possível se o trabalho integrar o esforço conjunto de alunos, separados artificialmente em cursos diferentes, mas que o mercado de trabalho unirá umbilicalmente.

A organização do trabalho em equipas pedagógicas remete para a necessidade, perante uma nova gramática escolar, de socializar os alunos segundo a lógica do trabalho colaborativo. Importa que interiorizem que as estrelas não brilham, no seu potencial máximo, de forma isolada, mas que a luz de todas elas iluminará de forma intensa e constante o mercado do Turismo em Portugal.

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