Mafalda Ferreira
Coordenadora do Projeto Erasmus+ KA2 MaFEA
(Re)Pensar a educação na Europa e contribuir, co-construindo, para a transformação das suas práticas, é lutar pela inclusão, pela diferença e pelo respeito. É entender que só através do trabalho colaborativo se consegue chegar mais longe, a mais alunos, a mais professores e a mais famílias, abrindo as portas da escola à comunidade envolvente. Neste mundo complexo em que vivemos, cada vez mais tecnológico e plural, corremos sérios riscos de alguma uniformização. Ninguém quer ficar para trás, mas poucos querem seguir honrando também aqueles que são os patrimónios mais antigos e mais tradicionais, que impactam e condicionam o nosso quotidiano, a nossa comunicação, a nossa capacidade de vermos além de nós próprios e que nos permitem tocar o “outro”. Um destes patrimónios é a nossa língua, essencial para interagirmos e para construirmos pontes. Neste século tão digital, tão veloz e por vezes tão isolado, urge tecer redes que nos aproximem uns dos outros, sobretudo quando cada vez mais parece estar em causa a manutenção de um sentido lato de cidadania europeia, de sentimento de pertença a uma comunidade que foge aos limites geográficos de cada um dos nossos países. Falamos, por isso, de multilinguismo. Não se trata, aqui, de optar por uma língua partilhada que todos entendam (além da nossa), mas antes salvaguardar todas as línguas que todos falam, garantindo que todas cumprem o seu propósito em simultâneo.
Bélgica, Portugal, Países Baixos, Finlândia, Estónia são parceiros neste projeto de cooperação e de inovação, onde as âncoras são a acessibilidade, a inclusão e a descoberta partilhada de novos caminhos que permitam à educação andar de mãos dadas com a tecnologia. Making Future Education Accessible (MaFEA) é o mote para este trabalho de equipa que permite juntar num só projeto parceiros com realidades culturais, económicas e linguísticas muito díspares. A riqueza reside, precisamente, nesta diversidade que muito honra, na nossa perspetiva, uma das maiores lutas (e quiçá também uma das maiores vitórias) da construção de uma Europa de todos e para todos. A união de que tanto se fala, sobretudo quando existe diferença, consegue-se neste encontro multicultural porque se respeitam as línguas e as realidades sociais, culturais e educativas de cada uma das escolas que nele participam. Vivemos muito mais (e muito além) da realidade virtual ou aumentada que, ainda assim, nos parecem absolutamente fascinantes e capazes de trilhar caminhos impensáveis até então. Estamos a pequenos passos de fazer a verdadeira diferença na vida de quem ensina e de quem quer, constantemente, aprender, mostrando que com as ferramentas certas não ficamos limitados às paredes da sala de aula nem aos métodos de ensino mais tradicionais. Estamos comprometidos com a experimentação e com a descoberta do potencial educativo de softwares de topo e equipamentos diversos, fazendo o possível para formarmos e educarmos melhor os nossos alunos e para os preparamos para as múltiplas (porém, incertas) realidades profissionais do futuro. Por motivos óbvios, comunicamos em inglês, mas a imensa mais-valia de tudo o que exploramos e produzimos reside na disseminação dos nossos resultados em cada uma das nossas línguas. Mantemo-nos fiéis ao nosso primeiro propósito, que é o de chegar ao maior número possível de professores, mostrando como podemos fazer diferente, exemplificando e simplificando a linguagem mais técnica, tornando-a por isso mais acessível. Queremos, acima de tudo, motivá-los! Traduzimos constantemente e pelo caminho vamos aprendendo, aprimorando competências linguísticas. Queremos que um dos impactos do nosso trabalho seja ao nível da democratização da educação, alargando os horizontes das comunidades educativas, das famílias e dos demais stakeholders que participam de perto na formação dos nossos jovens. Os nossos esforços vão no sentido de contribuirmos para que a escola seja mais inclusiva, mais próxima. Que seja um espaço feliz e seguro para aprender, para ser e para estar. A nossa abordagem pode não ser única e absolutamente inovadora, mas por certo faz cumprir a demanda europeia da cooperação transfronteiriça, da compreensão mútua, da mobilidade e da interculturalidade. Da união e da acessibilidade, da inclusão.