Quando a experiência conta: o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências

FILIPA TINOCO
CENTRO QUALIFICA Escola de Comércio de Lisboa | TÉCNICA

Qualificar os portugueses continua a ser uma das prioridades estratégicas do nosso país e, por esse motivo, vão sendo criadas medidas que permitem a todos os cidadãos com baixos níveis de qualificação, sejam eles escolares ou profissionais, atingir estes objetivos.

Com um mercado de trabalho cada vez mais volátil, com a ideia do “emprego para a vida” já ultrapassada e com a exigência do 12.º ano como escolaridade mínima obrigatória muitos adultos se encontram agora frente a frente com desafios que há 20 anos lhes pareciam impensáveis.

A ideia de que um certificado vale mais do que a experiência profissional é real no pensamento de quem “com 15 anos teve o seu primeiro emprego porque a vida assim o exigiu” e é “injusto isto ser assim”, diz quem, depois de 40 anos de serviço, se encontra agora pela primeira vez no desemprego, sem as qualificações que o mundo laboral exige e necessita. “Parece que tudo o que tenho feito não conta”. Estes e outros tantos discursos semelhantes são o dia-a-dia de quem veste a camisola na área de educação e formação de adultos.

Mas o facto é que a experiência conta, e conta muito! E a qualificação também!

De entre as variadas ofertas de qualificação de adultos destacam-se aqui os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), antigos processos levados a cabo pelos tão conhecidos Centros de Novas Oportunidades.

O Reconhecimento de Competências constitui-se como um meio de dar significado às experiências de vida de cada adulto, convertendo essa mesma experiência em ciclos escolares (4º, 6º, 9º e 12º ano) e/ou em certificação profissional. O processo assenta na premissa de que ao longo da vida o adulto aprende, quer por vias formais ou não formais e informais, e adquire competências.

A correria da vida não nos permite, muitas vezes, parar para pensar em coisas como: “O que é que eu aprendi hoje? E ontem? E com a experiência que tive nos últimos 10 anos?”

Para quem entra na aventura que pode ser um processo de RVCC rapidamente percebe que o seu destino final acaba por ser o livro da sua história de vida, onde constam as suas experiências mais relevantes, que por norma são também as que nos trazem aprendizagens mais significativas.

A principal dificuldade do adulto é o arranque, é o procurar o seu saber, é o dar valor às suas aprendizagens e reconhecê-las como tal. Felizmente, as equipas de trabalho desconstroem isto com todos e com cada um.

Ser mãe/pai; ser trabalhador e profissional; ser líder de uma equipa; gerir a minha casa, o meu dinheiro, a minha família; cumprir os meus deveres de cidadão/ã; saber cuidar de mim e dos outros;… Alguma vez parou para refletir nas aprendizagens que estas experiências acarretam? Na bagagem que nos dão? Com o RVCC fá-lo!

Estes processos preconizam-se ainda como uma possibilidade muito viável de acesso à educação com a flexibilidade que o dia-a-dia de um adulto exige, respondendo melhor às exigências que este enfrenta, quer sejam de nível pessoal, familiar ou profissional. Há, como em tudo, objetivos a cumprir mas o ritmo do adulto e a individualidade de cada um são respeitados e é o que torna cada processo único.

Muitas vezes o RVCC acaba também por ser a única possibilidade para se obter a certificação escolar ou profissional necessária para dar continuidade ao seu percurso educativo/formativo ou profissional.

No final de cada processo, se tivesse que eleger a frase mais comum que oiço enquanto Técnica de Orientação, Validação e Certificação de Competências, diria que “não sabia que sabia tanta coisa” ganharia!

Nunca a expressão “escola da vida” teve tanto significado.

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